ACONTECENDO NO ESPÍRITO SANTO

domingo, 7 de dezembro de 2025

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Vila Velha lidera ranking de maus-tratos, e denúncias expõem falhas graves na política de proteção animal

Vila Velha se destaca como a cidade capixaba com maior número de registros de maus-tratos contra animais, apenas confirmou uma realidade que protetores, voluntários e ativistas denunciam há anos: o município acumula um histórico de abandono, falta de estrutura e ausência de políticas públicas efetivas para a causa animal.

As denúncias não são novas  e tampouco isoladas. Um caso registrado pela própria denunciante, que filmou um veículo oficial abandonando animais em via pública, escancara a dimensão do problema. Ela acionou o Ministério Público, a Prefeitura e outros órgãos competentes, registrou boletim de ocorrência e formalizou pedido de investigação.

Apesar disso, nenhum responsável foi identificado ou punido até agora.

Enquanto o processo segue parado, os animais abandonados foram acolhidos exclusivamente por voluntários, que arcam sozinhos com custos de alimentação, moradia, vacinação e medicamentos. Para eles, a legislação federal que tipifica abandono e maus-tratos como crime simplesmente não é aplicada de forma concreta no município.

Contratos milionários, serviço mínimo.

A crítica mais recorrente entre defensores da causa animal é a distância entre o que está assinado em contratos públicos e o que realmente chega às ruas. Apesar de Vila Velha manter contratos de valores significativos para atendimento animal, o serviço oferecido é descrito como insuficiente.

Um exemplo emblemático é a própria Unidade de Vigilância de Zoonoses, que, mesmo com diversos contratos ativos, dispõe de apenas um único veículo para atender toda a cidade.

Além disso, há questionamentos sobre a gestão interna da pasta. A servidora que atuava como fiscal dos contratos — incluindo compras de alto valor, como leitores de chip e ração, esta última frequentemente criticada por protetores devido à baixa qualidade — foi exonerada pela Prefeitura. Pouco tempo depois, foi nomeada por um deputado federal que se apresenta como defensor da causa animal.

O episódio levantou suspeitas e reforçou a cobrança por transparência na gestão dos recursos públicos.

Ativistas cobram coerência e atuação constante

Com a repercussão das denúncias, novas figuras públicas passaram a se manifestar em defesa dos animais. No entanto, protetores questionam a ausência dessas mesmas vozes nos anos anteriores, quando os problemas já eram amplamente conhecidos por quem atua diariamente na causa.

Segundo eles, discursos recentes soam tardios e insuficientes diante da gravidade do cenário.

População exige respostas

As denúncias reacendem uma série de questionamentos que o poder público municipal ainda não esclareceu:

  • Por que processos de maus-tratos envolvendo veículos oficiais não avançam?
  • Como contratos de alto valor resultam em estrutura tão limitada?
  • Quais os critérios para nomeações de servidores responsáveis pela fiscalização?
  • Por que a qualidade dos insumos fornecidos, como ração, não condiz com o valor investido?
  • Que ações concretas a gestão municipal pretende adotar para reverter o quadro?

Para protetores e voluntários, a situação ultrapassa o limite do tolerável. “Os animais não precisam de discursos. Precisam de ações reais, contínuas e transparentes”, afirmam.

A cobrança é clara: Vila Velha precisa assumir, de forma séria e responsável, a proteção animal como política pública — e não como pauta secundária ou sazonal.

Porque, como reforçam aqueles que convivem com essa realidade diariamente, a verdade pode até ser ignorada por algum tempo — mas nunca desaparece.

Sabrina Leonel
Sabrina Leonel
Gestora pública e Defensora dos animais. Ex-vereadora em Vila Velha. Colunista sobre bem estar animal e políticas públicas de Bem estar animal. Vamos aprender a usar a legislação em ação prática salvando vidas.
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