O retorno de Lula ao comando do Brasil é, antes de tudo, um tapa na cara de quem acredita em justiça e em democracia real. Condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula jamais deveria ter sequer disputado uma eleição novamente. Mas ainda assim, como num roteiro de pesadelo cínico, lá está ele orquestrando seus tentáculos por Brasília, perseguindo adversários e fazendo — a portas fechadas — alianças pouco republicanas com setores do STF.
E seria ilusão achar que a escalada autoritária do lulopetismo se deve apenas ao poderio estatal ou à leniência de parte do Judiciário. A verdade é mais amarga: somos, em parte, responsáveis por esse cenário. A direita brasileira, apesar de numericamente forte e socialmente vibrante, patina na desunião crônica. Falta estratégia, sobra vaidade. Em vários estados, preferimos sacrificar nomes competitivos em prol de projetos pessoais, enquanto o petismo avança impondo alianças pragmáticas, nem sempre limpas, mas invariavelmente eficazes.
A popularidade de Lula derretia. As pesquisas, por mais manipuladas que sejam, mostravam sua rejeição atingindo cenários dramáticos. Mas, na política, acaba prevalecendo não quem é menos rejeitado, mas quem sabe se beneficiar da fragilidade do adversário. E nossos erros têm preço alto: alimentamos o monstro enquanto brigamos pelas migalhas partidárias.
Neste cenário, não basta apenas denunciar alianças suspeitas de Lula com o Judiciário ou as manobras para encurralar conservadores nas eleições legislativas. É necessário, sim, jogar luz sobre a hipocrisia autoritária da esquerda. Mas, principalmente, é hora de enterrar a vaidade e entender — de uma vez por todas — que decisões estratégicas coletivas e pragmatismo são urgentes.
A direita só será alternativa de poder real no Brasil se aprender com seus próprios tropeços, abandonar personalismos e agir como um bloco. Do contrário, vamos assistir à repetição do pesadelo lulista — e, dessa vez, sem direito nem a sonhar com justiça verdadeira.
Quando a Ausência de União Alimenta o Monstro
Rejeição, perseguição e alianças de conveniência: como a desunião da direita e o pragmatismo da esquerda mantêm o Brasil refém de um ciclo vicioso.
