O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Paraguai, Santiago Peña, discutiram as investigações em andamento relacionadas a uma operação de inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que visou obter informações sigilosas de autoridades paraguaias. Estas autoridades estavam envolvidas em negociações sobre a usina de Itaipu, compartilhada por Brasil e Paraguai.
O caso teve início no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e veio à tona em abril, resultando em tensões entre os países e na suspensão, por parte do Paraguai, das conversas sobre o Anexo C de Itaipu. Este anexo aborda os valores da energia excedente produzida pela usina.
As investigações sobre a espionagem ilegal estão atualmente sob a supervisão da Polícia Federal.
Apesar das atuais tensões, Lula e Peña declararam que as negociações sobre Itaipu serão retomadas.
“Como corresponde a países irmãos, expressei minha preocupação sobre o caso de espionagem e pedi o compromisso total das autoridades brasileiras em esclarecer os fatos”, relatou o líder paraguaio em comunicado após a reunião bilateral. O encontro ocorreu na Residência da Embaixada brasileira em Buenos Aires, Argentina, antes da 66ª Cúpula do Mercosul.
Lula afirmou: “Também conversamos sobre as investigações das atividades da Abin no Paraguai, reafirmando respeito e diálogo como pilares das relações entre nossos países. Concordamos em retomar a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que define as condições de distribuição da energia excedente.”
Em termos de relações diplomáticas, Lula aceitou o convite para visitar o Paraguai e estendeu o convite a Peña para visitar o Brasil.
Os presidentes também discutiram outros aspectos da cooperação bilateral, como as obras de infraestrutura para melhorar a conectividade entre os dois países, incluindo a Ponte da Integração. As obras do lado brasileiro já estão 80% concluídas e devem ser finalizadas até dezembro.
Além disso, dialogaram sobre o Corredor Bioceânico, uma grande obra de infraestrutura que visa conectar as redes rodoviárias entre os oceanos Atlântico e Pacífico através da América do Sul, passando por Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.