Existe o Brasil das cúpulas e das comissões. E existe o Brasil de verdade.
No Brasil real, o trabalhador acorda cedo, pega dois ônibus, enfrenta fila em hospital e vive com medo da violência. No Brasil real, o salário acaba antes do mês. O gás subiu, a carne virou artigo de luxo e a conta de luz é uma tortura mensal.
Enquanto isso, no Brasil dos palácios, discute-se aumentar o número de deputados. Isso mesmo. Em plena crise, quando o povo faz milagre para pagar as contas, o Congresso cogita mais cargos, mais assessores, mais verbas, mais mordomias. Não há plano para reduzir o custo do Estado — só para aumentar o custo da população.
Do outro lado da Praça dos Três Poderes, o governo federal tenta ressuscitar o velho truque: aumentar impostos. Querem enfiar mais um aumento goela abaixo, como o IOF. Felizmente, o Congresso rejeitou a proposta. Mas o governo já sinaliza que pode acionar o Judiciário para impor o aumento na marra. Como se o povo ainda tivesse de onde tirar.
Essa é a equação perversa do Brasil oficial: enquanto o país real sangra, eles vivem num país paralelo — blindado, caro e ineficiente.
O Brasil real está cansado.
Cansado de pagar a conta de um sistema que só cresce para sustentar os de cima.
Cansado de ser sacrificado para manter privilégios.
Cansado de lutar todos os dias enquanto Brasília brinca de poder.
E mais do que cansado — o Brasil real está acordando. E quando isso acontece, nem os tapetes vermelhos nem os cargos comissionados conseguem esconder o tamanho do abismo que criaram entre o povo e quem deveria representá-lo.