ACONTECENDO NO ESPÍRITO SANTO

domingo, 8 de junho de 2025

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domingo, 8 de junho de 2025

Macron solicita cláusulas-espelho no acordo entre a UE e Mercosul

O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta quinta-feira (5) que o acordo Mercosul-União Europeia (UE) necessita de aprimoramentos, incluindo a inclusão de cláusulas-espelho e de salvaguarda, especialmente nos termos que abordam a produção agrícola. As cláusulas-espelho impõem que as normas de produção da UE sejam aplicadas também a produtos importados.

Desigualdades nas Normas de Produção

“Proibimos os nossos agricultores de utilizarem agrotóxicos, por exemplo, para respeitar mais o meio ambiente. Mas os países do Mercosul não estão no mesmo nível de regulamentação. Há uma discrepância. Não é uma discrepância de competitividade, de qualidade, mas na regulamentação,” afirmou Macron em declaração à imprensa em Paris, ao lado de Lula.

A Necessidade de Equidade no Acordo

“Como vou explicar aos agricultores [franceses] que, no momento em que eu exijo que eles respeitem as normas, abro o mercado para produtos que não respeitam essas mesmas normas? Qual vai ser o resultado? O clima não sai beneficiado, vamos matar a nossa agricultura. Isso é injusto e não é a visão do presidente Lula. Temos que melhorar e aprimorar o acordo,” completou.

Pouco antes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou o apoio de Macron para a finalização do acordo entre a União Europeia e o Mercosul.

Perspectivas para o Futuro do Acordo

“Meu caro, abra o seu coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul,” disse Lula. No próximo semestre, o Brasil assumirá a presidência do Mercosul, e Lula afirmou que não deixará a liderança do bloco até que o acordo com a UE seja concretizado.

“Eu acho que não está difícil fazer o acordo,” avaliou Lula. Negociado há mais de 20 anos, o acordo enfrenta resistência de alguns países, como a França, para sua implementação. Para o líder francês, o acordo não leva em consideração as exigências ambientais na produção agrícola e industrial. Já, segundo Lula, a França adota uma postura protecionista em relação a seus interesses agrícolas.

“Não permita que nenhum país europeu coloque dúvida sobre a defesa que o Brasil faz para diminuir o desmatamento. Vocês conhecem o território brasileiro, sabem que temos cinco biomas muito importantes e que tratamos esses biomas como se estivéssemos cuidando da nossa própria casa. Queremos que eles estejam bem cuidados e preservados. Porém, é um território de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, não é fácil de controlar,” disse Lula.

“É importante que os agricultores franceses saibam que, possivelmente, a nossa agricultura seja complementar. O que não pode ocorrer é um bloqueio. Vamos colocar eles para conversar com nossos agricultores, vamos integrar as nossas cooperativas para discutir com as cooperativas francesas. Tenho certeza de que não haverá dúvidas,” concluiu.

Visita Histórica e Acordos Bilaterais

Há 13 anos, o governo brasileiro não realizava uma visita de um chefe de Estado à França. A última visita ocorreu em 2012, durante o mandato de Dilma Rousseff. Nesta quinta-feira, os dois países firmaram 20 atos bilaterais nas áreas de saúde, segurança pública, educação e ciência e tecnologia.

Comércio Bilateral

Durante a coletiva, Lula mencionou que, no plano comercial, os valores registrados em 2024 foram inferiores aos observados em 2012.

“Demos um passo atrás. E é preciso, agora, dar dois passos à frente, como se estivéssemos dançando um bom bolero latino-americano,” afirmou Lula.

Amanhã (6), está prevista a participação do presidente no Fórum Econômico Brasil-França, que reunirá autoridades e líderes empresariais de ambos os países. Atualmente, o comércio bilateral é de US$ 9,1 bilhões, segundo dados de 2024, sendo a França o terceiro país que mais investe no Brasil, com mais de US$ 66,3 bilhões em estoque.

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