Ameaças às deputadas estaduais de São Paulo
No último sábado (31), deputadas da Assembleia Legislativa de São Paulo receberam mensagens de e-mail contendo ameaças de morte e de estupro. Essas mensagens continham conteúdo violento e ofensivo, com menções específicas a algumas parlamentares.
Relato das deputadas
A deputada Andréa Werner (PSB) contou que recebeu o e-mail enquanto estava em Brasília, após ser informada por sua assessoria. Ela descreveu o conteúdo como extremamente violento, com ameaças detalhadas de morte e estupro, chocando mesmo quem tem experiência na área de ativismo.
Andréa Werner destacou que todas as deputadas estavam copiadas na mensagem, o que indica que a misoginia e o ódio às mulheres no poder não têm preferência política. Ela afirmou que, embora esteja acostumada a receber xingamentos, nunca tinha recebido algo tão violento e dirigido a todas elas.
“Esta ameaça demonstra que há um ódio dirigido a todas as mulheres no espaço de poder. Não importa a orientação política, o objetivo é intimidar e manter as mulheres afastadas da política”, afirmou.
Reações e posicionamentos
A deputada Marina Helou (Rede) avaliou o ataque como “inaceitável” e solicitou uma resposta institucional da Casa. Ela ressaltou a necessidade de investigação e de ações de proteção às parlamentares.
Marina Helou destacou a gravidade das ameaças, que exigem resposta por parte das instituições para proteger a democracia e a participação feminina na política. Ela declarou que, apesar de já terem sofrido ameaças anteriormente, desta vez as ameaças foram de maior amplitude e dirigidas a todas as mulheres na Casa.
Segundo ela, as ameaças representam uma tentativa de silenciar mulheres no poder e reforçam a necessidade de políticas públicas de combate à violência de gênero na política.
Respostas oficiais e investigações
Algumas parlamentares optaram por não comentar o caso ou estavam indisponíveis. A deputada Ana Carolina Serra (Cidadania) manifestou-se por meio de nota, condenando qualquer forma de violência e intimidação, e afirmou que as investigações estão em andamento sob orientação jurídica.
O presidente da Alesp, André do Prado (PL), também se pronunciou, expressando solidariedade às deputadas e determinando que as forças policiais investiguem o caso. Uma suspeita de 28 anos foi detida, e seu computador e telefone celular foram apreendidos.
O caso foi registrado como ameaça, injúria racial e falsa identidade pela Polícia Civil junto à Assembleia Legislativa.
Violência política e combate ao ódio
Em uma manifestação coletiva, as deputadas qualificaram as ameaças como “aviltantes” e destacaram a crescente ocorrência de violência política, especialmente na internet. Apontaram que esse ataque, direcionado a todas as mulheres da Casa, é uma tentativa de silenciamento motivada por misoginia, racismo e capacitismo.
As parlamentares afirmaram que tais ações representam o ódio e a violência enfrentados por mulheres que ocupam espaços de poder e destacaram a necessidade de ações concretas para prevenir e combater esses abusos.
De acordo com as deputadas, é urgente revisar as normas internas da Alesp para garantir maior segurança às parlamentares, especialmente contra ameaças e perseguições. Andréa Werner ressaltou que mudanças já estão sendo discutidas com a presidência da Casa, destacando que as regras internas devem evoluir para proteger mulheres, pois elas têm sofrido ameaças específicas devido à sua condição de gênero.