Vila Velha vive uma escalada alarmante da criminalidade, e o epicentro dessa crise está nas comunidades de Terra Vermelha, 1º de Maio, Santa Rita Ulisses Guimarães. Nessas regiões, a sensação de insegurança já não é mais uma percepção: virou parte do cotidiano. Tiroteios, execuções, assaltos e confrontos entre facções criminosas se tornaram eventos quase diários — e, pior, normalizados pelo silêncio das autoridades.
Enquanto o poder público parece distante, a população vive refém do medo. Escolas fecham mais cedo, comércios funcionam sob tensão, e os moradores evitam sair de casa à noite. A ostensividade policial é rara e, quando ocorre, soa mais como ação para “inglês ver” do que uma resposta estruturada para conter o avanço do crime.
A situação em Terra Vermelha, sobretudo, é crítica. Facções armadas impõem o terror nas ruas, disputando palmo a palmo o território, enquanto jovens são tragados pelo aliciamento criminoso. A ausência de políticas públicas efetivas, de investimentos em segurança, educação e assistência social, só agrava o abismo entre a periferia e o centro do poder.

Em meio a esse cenário desolador, um episódio chama atenção pela desconexão com a realidade: um vereador de Vila Velha propôs a criação do “Dia do Orgulho Hétero”. Em vez de utilizar seu mandato para enfrentar as urgências da cidade, como a criminalidade desenfreada, a precariedade da infraestrutura urbana ou a carência de oportunidades para a juventude, o parlamentar prefere gastar energia com projetos que beiram o ridículo e não enfrentam nenhum problema concreto da população.
Essa proposta não apenas distorce o papel do Legislativo municipal, mas revela o quanto parte da classe política vive alheia à dor da população. Enquanto comunidades são dominadas pela violência, seus representantes se ocupam com debates irrelevantes, que em nada contribuem para salvar vidas, gerar dignidade ou devolver a paz às famílias de Vila Velha.
É tempo de inverter prioridades. A cidade não pode mais ser refém de discursos vazios e de gestos simbólicos sem impacto. O povo quer segurança, quer dignidade, quer presença do Estado onde hoje impera o crime. E, principalmente, exige que seus representantes estejam à altura da gravidade do momento.