À frente de partidos que representam aproximadamente 50% dos votos na Câmara e geram receitas bilionárias por meio dos fundos partidário e eleitoral, cinco influentes presidentes – os chamados “supercaciques” – se destacam na política brasileira. Esses líderes, provenientes de siglas de centro e centro-direita, estão focados em consolidar seus projetos de poder a longo prazo.
Influência nas eleições de 2024
Valdemar Costa Neto (PL), Gilberto Kassab (PSD), Renata Abreu (Podemos-PSDB), Ciro Nogueira (PP) e Antônio Rueda (União Brasil) tiveram um papel fundamental nas eleições de 2024, conquistando 60% das prefeituras e garantindo metade dos R$ 6 bilhões destinados aos partidos. Esses dirigentes têm estabelecido estratégias para dominar o cenário político após as próximas eleições, com destaque para a federação PP-União, planejando hegemonia até 2030 e vislumbrando o fim da polarização entre os líderes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Transformação do cenário partidário
O ambiente político brasileiro passa por transformações significativas, segundo analistas. À medida que 2026 se aproxima, perspectivas de fusões, federações e limitações impostas pela lei partidária contribuem para a construção de blocos políticos mais coesos. A cláusula de barreira, vigente desde 2017, limita o acesso de siglas menores a recursos essenciais, levando estes partidos a buscar alianças com legendas maiores, criando assim superestruturas que visam superar a fragmentação histórica.
O cientista político Antonio Lavareda acredita que essa mudança pode resultar na consolidação de poucas legendas, melhorando a dinâmica legislativa e enfatizando a necessidade de uma modificação no sistema eleitoral.
Federacao PP-União: novo modelo estratégico
A recente federação entre União Brasil e PP é um exemplo emblemático dessa nova realidade política. Sob a liderança de Rueda e Nogueira, o novo arranjo já conta com 109 deputados e 14 senadores, posicionando-se como uma força central no cenário nacional e dando início à corrida para 2026. Ciro Nogueira já se apresenta como potencial vice em uma chapa presidencial de centro-direita, demonstrando a forte estrutura regional que a federação está construindo.
Três frentes competitivas para 2026
O cientista político Ismael Almeida projeta três frentes principais para o pleito de 2026: a esquerda liderada pelo PT, a direita representada pelo PL e um centro conservador, organizado por PSD, União Brasil e o futuro Podemos-PSDB. Almeida ressalta o peso do PL, que, mesmo sem Bolsonaro, permanece influente sob a liderança de Costa Neto. O cenário no centro aponta para uma fusão entre PSDB e Podemos, formando um possível espaço para uma “terceira via”.
Impacto das federações no cenário eleitoral
O lançamento da federação PP-União Brasil destaca a preocupação com o impacto desse rearranjo no cenário eleitoral de 2026. A aliança fortalece o Centrão, aumentando seu poder de barganha com o governo atual. Ao mesmo tempo, as negociações para a fusão do PSDB com o Podemos estão em andamento, visando formar um bloco de centro capaz de competir no cenário político.
Aliança em torno de Tarcísio à Presidência
Gilberto Kassab, presidente do PSD, prevê que, caso o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decida concorrer à Presidência, a centro-direita se unirá em torno dele, evitando uma fragmentação de candidaturas. Kassab considera o presidente Lula um concorrente viável, embora reconheça que o cenário eleitoral de 2026 será menos polarizado do que o anterior.
Perfis distintos dos “supercaciques”
Cada um dos “supercaciques” tem perfis distintos, mas compartilham a missão de fortalecer suas siglas. Valdemar Costa Neto é um político veterano e figura central na articulação da direita. Antônio Rueda, por sua vez, apresenta um estilo mais discreto, focando na unificação das alas do União Brasil. Ciro Nogueira, representando o PP, é conhecido por sua habilidade nas alianças, enquanto Renata Abreu busca se firmar como líder da nova legenda resultante da fusão com o PSDB. Gilberto Kassab se destaca como um articulador pragmático, com forte presença em governos diversos.