Marlon Brandon Coelho Couto Silva, conhecido como MC Poze do Rodo, foi preso nesta quinta-feira por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). De acordo com a polícia, ele é investigado por apologia ao crime e por envolvimento com o tráfico de drogas. Um dos casos mencionados é do baile funk na Cidade de Deus, ocorrido dois dias antes da morte de um policial da Core durante uma operação. O cantor foi encontrado em sua residência, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Ele foi levado para a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na Zona Norte, onde chegou às 7h, sem prestar declarações à imprensa.
Quanto tempo MC Poze do Rodo vai ficar preso?
O advogado de MC Poze do Rodo, Fernando Henrique Cardoso, informou que a prisão do cantor é temporária e que ele deve ser transferido ainda nesta quinta-feira para o presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio.

De acordo com as investigações, o MC realiza shows exclusivamente em áreas dominadas pelo Comando Vermelho. Nessas apresentações, segundo a polícia, há a presença ostensiva de traficantes armados com armas de grosso calibre, garantindo a “segurança” do artista e do evento.
Segundo a defesa, policiais civis da DRE cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do funkeiro para recolher joias — muitas delas com símbolos que fariam referência a traficantes ligados à facção criminosa Comando Vermelho — além de celulares, eletrônicos, documentos e possíveis armas de fogo. No entanto, de acordo com o advogado, nenhuma arma foi encontrada na casa.

O repertório das músicas apresentadas por MC Poze também foi analisado, o qual a polícia diz fazer “clara apologia ao tráfico de drogas, ao uso ilegal de armas de fogo e incitar confrontos armados entre facções rivais, frequentemente resultando em vítimas inocentes”.
“A Polícia Civil reforça que as letras extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas”, afirma nota da secretaria.
Vivi Noronha, esposa do cantor, chegou à Cidade da Polícia cerca de uma hora após o marido, acompanhada de seguranças, mas não concedeu entrevistas. De acordo com a polícia, ela não é alvo da operação.

A operação tem como base o cumprimento de mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. Segundo as investigações, há evidências de que os shows realizados por MC Poze são financiados pelo Comando Vermelho, “contribuindo para o fortalecimento financeiro da facção por meio do aumento do consumo de drogas nas comunidades onde os eventos são realizados”.
- De acordo com a polícia, esses eventos são “estrategicamente utilizados pela facção para aumentar seus lucros com a venda de entorpecentes”. Com esses recursos, o grupo criminoso poderia adquirir, entre outros, armas de fogo e equipamentos. As investigações continuam para identificar outros envolvidos.
Advogado de Poze rebate acusações e diz que Mainstreet não tem relação com os crimes investigados
Responsável pela defesa do cantor Poze do Rodo, o advogado Fernando Henrique Cardoso afirmou que a gravadora Mainstreet, da qual o artista faz parte, não é citada diretamente na decisão que fundamentou a prisão temporária do funkeiro, ocorrida nesta quinta-feira, durante operação da DRE. A gravadora e seus artistas — entre eles, Poze, Orochi, Oruam e Cabelinho — são alvos de investigação por suposto envolvimento com o Comando Vermelho, suspeitos de lavar dinheiro com shows, propagar a ideologia da facção em letras de músicas e participar de eventos financiados pelo tráfico de drogas.
— A única coisa que eu posso dizer da gravadora em relação à decisão judicial é que a mesma decisão judicial que fundamentou a prisão temporária, a busca e apreensão do Marlon (nome de batismo de Poze), é a mesma decisão judicial que coloca em completo escanteio a presença da gravadora em qualquer tipo dessa prisão. A polícia diz ter fortes indícios também que ele tem relação com o Comando Vermelho. É, também não conheço desses indícios — disse Cardoso.
Ainda segundo o advogado, a defesa teve acesso recente e limitado aos autos e só poderá se manifestar de forma mais precisa quando tiver conhecimento integral da investigação.
— Nós tivemos acesso, um acesso recente, prematuro ainda, ao procedimento cautelar que traz a decisão da prisão temporária, da busca e apreensão e ao que foi feito pela delegacia de polícia enquanto uma representação desses dois elementos. Nós não tivemos tempo nem de ter analisado isso direito ainda. A investigação ainda é sigilosa, nós ainda tomaremos ciência de tudo para poder emitir qualquer opinião. Até então eu desconheço essa questão — declarou.
A Polícia Civil afirma que investiga a utilização de recursos oriundos do tráfico para financiar bailes funks, clipes e estruturas de artistas ligados à gravadora. Segundo a DRE, esses eventos e conteúdos artísticos funcionariam como instrumentos de cooptação de jovens para o crime e propaganda do Comando Vermelho.

A Polícia Civil menciona o show de MC Poze na Cidade de Deus, comunidade na Zona Oeste do Rio, em que foi registrada a presença de homens armados, inclusive com armas de grosso calibre. A corporação também cita que “o cantor entoou diversas músicas enaltecendo a facção criminosa”. Foi aberta uma investigação para apurar a realização deste baile funk, no último dia 17.
No dia 19, durante operação da Polícia Civil para combater a venda de gelo contaminado para bares e quiosques das praias da Barra e do Recreio, o policial civil José Antônio Lourenço, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), morreu ao ser baleado na cabeça. O agente chegou a ser socorrido para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas seu estado era “muito grave” e não resistiu.

Durante a operação nesta manhã, MC Poze teve um carro apreendido, em razão de uma infração administrativa. No documento do veículo, consta que ele é da cor preta, mas foi pintado de vermelho. Este é um dos carros que foram apreendidos em novembro do ano passado, quando o cantor foi alvo de outra operação policial. Na época, Vivi Noronha, esposa dele, foi alvo de mandados de busca e apreensão durante investigação sobre fraudes em rifas on-line, que incluía o nome de outros influenciadores. Os veículos foram recuperados em abril.