ACONTECENDO NO ESPÍRITO SANTO

terça-feira, 16 de dezembro de 2025

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Paciente com lesão medular no Espírito Santo recebe polilaminina após decisão judicial e acende debate sobre tratamento experimental

Um capixaba de 37 anos, vítima de uma **lesão medular gravíssima em um acidente de motocross no interior do estado no último dia 7 de dezembro, recebeu no último sábado (13) uma dose de polilaminina aplicada diretamente na coluna vertebral após autorização da Justiça. O procedimento foi feito em um hospital filantrópico e representa mais um capítulo no uso judicializado de um medicamento ainda em fase experimental no Brasil.

De acordo com a equipe médica responsável, o paciente está estável e reagiu bem ao procedimento, mas ainda não há como afirmar se a substância terá impacto significativo em sua recuperação. O caso, considerado de extrema complexidade pela equipe, foi descrito pelos profissionais como um dos mais graves já atendidos no sul do estado. 

O médico Olavo Borges, que integrou a equipe que realizou a aplicação após cirurgia de descompressão e estabilização da coluna, destacou o caráter delicado da lesão. Segundo ele, há condições anatômicas desfavoráveis à regeneração natural da medula, mas a equipe se mantém otimista quanto ao potencial da medicação. 

O que é a polilaminina e o status da pesquisa

A polilaminina é uma substância experimental derivada da proteína laminina, extraída da placenta humana, que vem sendo estudada há anos por pesquisadores brasileiros, especialmente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com o laboratório Cristália. Em pesquisas preliminares, incluindo estudos com animais e casos isolados em humanos, a substância mostrou potencial para auxiliar na regeneração da medula espinhal e na recuperação de movimentos perdidos após lesões. 

Apesar de relatos de resultados positivos em alguns pacientes, a polilaminina ainda não tem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso clínico geral. Por isso, a aplicação no capixaba foi possível apenas por meio de decisão judicial, que determinou ao laboratório o fornecimento da substância. 

Além do caso no Espírito Santo, outras três decisões judiciais em andamento no Rio de Janeiro e na Bahia também autorizam a administração do medicamento em pacientes com lesões medulares agudas recentes, desde que não haja impedimentos jurídicos ou médicos. 

Debate científico e expectativas

Enquanto famílias e pacientes veem na polilaminina uma esperança inclusive com reportagens nacionais destacando recuperações significativas de movimentos em alguns participantes de estudos especialistas alertam para a necessidade de cautela. A substância ainda está em fase de pesquisa, com resultados preliminares que, embora promissores em certos contextos, não constituem prova definitiva de cura ou eficácia ampla. 

O laboratório Cristália divulgou nota afirmando que cumpriu a ordem da Justiça e que o produto é seguro, reforçando que segue o processo de desenvolvimento necessário junto à Anvisa com o objetivo de, no futuro, disponibilizá-lo de forma ampla, após todas as etapas de estudo e aprovação. 

A experiência no Espírito Santo coloca mais uma vez em foco um dos grandes desafios da ciência médica: equilibrar a urgência de trazer novas terapias para pacientes em condição crítica com a exigência de rigor científico e segurança antes da adoção em larga escala.  

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