O Espírito Santo contabilizou mais de 4,3 mil confrontos entre policiais militares e criminosos entre janeiro de 2020 e agosto deste ano. Os números, divulgados pela Polícia Militar, apontam que 250 pessoas morreram e 478 ficaram feridas nas ocorrências.

De acordo com a corporação, a maioria dos casos aconteceu em áreas dominadas pelo tráfico de drogas. O comandante-geral da PM, coronel Douglas Caus, destacou que as ações fazem parte da estratégia de retomada de territórios controlados por facções criminosas.

“O governo do Estado tem a clara determinação de que não haverá nenhum milímetro de via pública tomado por facções. Estamos patrulhando essas áreas, onde invariavelmente encontramos indivíduos armados que atiram contra os nossos policiais militares”, afirmou o comandante.

Perfil dos mortos

Segundo a PM, a maior parte das vítimas fatais tinha entre 18 e 29 anos (57%). Outros 15% tinham entre 30 e 39 anos, e 16% eram menores de idade.

Douglas Caus reforçou que, em geral, os mortos estavam armados:

“A maioria enfrenta a Polícia Militar com fuzis ou pistolas. Se enfrentarem a PM, ou vai para a cadeia ou vai para o caixão.”

Confrontos recentes

Nas últimas semanas, o Estado registrou uma série de ocorrências graves. Em Cariacica, militares trocaram tiros com um grupo de traficantes que atuava em Porto Belo. Um suspeito foi baleado e preso, outro se entregou e três fugiram.

Moradores, no entanto, contestaram a versão oficial:

“Atiraram sem os meninos reagirem. Eles não estavam com armas, não ficam nem com faquinhas de serra. Já chegaram atirando. Não precisava”, disse uma moradora.

Já em Vitória, os bairros São Pedro e Bairro da Penha foram palco de novos tiroteios. Em São Pedro, um adolescente de 15 anos morreu baleado após, segundo a PM, ameaçar atirar contra os agentes. O episódio desencadeou ataques criminosos a ônibus na região.

No Bairro da Penha, David Pereira de Jesus, 22 anos, foi morto durante troca de tiros. De acordo com a corporação, ele estava junto a um grupo de criminosos armados.

Disputa entre facções

O comandante-geral da PM explicou que as ações violentas têm ligação direta com a disputa por pontos de tráfico.

“Temos facções ligadas ao Rio de Janeiro: Terceiro Comando Puro e Comando Vermelho. Eles são territorialistas. Quando uma facção ataca a área de outra, buscam poder e dinheiro. Herdam o bairro e, com ele, os pontos de venda de drogas.”

Segurança reforçada