ACONTECENDO NO ESPÍRITO SANTO

sábado, 26 de julho de 2025

ACONTECENDO NO ESPÍRITO SANTO

sábado, 26 de julho de 2025

Trabalhadores da limpeza entram em greve e sofrem repressão policial no ES: “É assim que tratam quem limpa a cidade?”

O que era para ser um ato legítimo de reivindicação virou mais um capítulo da criminalização da pobreza no Espírito Santo. Em plena manhã desta quarta-feira, trabalhadores do Sindilimpe-ES, foram duramente reprimidos pela Polícia Militar durante um protesto pacífico realizado em frente à Arcelor Mital.

O ato fazia parte da greve geral deflagrada na última segunda-feira (22) pelos profissionais da limpeza urbana e industrial de todo o Estado, que reivindicam valorização do vale-alimentação, participação nos lucros e isonomia com trabalhadores de setores diretamente contratados pelas indústrias. Os terceirizados estão, hoje, em empresas como ArcelorMittal, Samarco, Vale, Garoto, Portocel e Suzano.

Mesmo diante da precarização evidente, com jornadas pesadas, riscos à saúde e baixos salários, a resposta do poder público não foi diálogo. Foi violência.

“Pedir dignidade virou motivo pra tomar spray de pimenta no rosto”

Em vídeos que circularam nas redes sociais, é possível ver policiais avançando sobre os manifestantes, muitos deles com jalecos e camisetas do movimento, munidos apenas de cartazes e palavras de ordem. Alguns foram empurrados, outros caíram no chão após serem atingidos com spray de pimenta e escudos. Um deles precisou de atendimento médico após passar mal.

“A gente limpa escola, hospital, prefeitura, fábrica… mas quando resolve se manifestar, é tratado como bandido”, disse uma trabalhadora que preferiu não se identificar, temendo represálias da empresa contratante.

O silêncio institucional

Até o momento, ninguém se pronunciou sobre a repressão policial. O silêncio é tão grave quanto a agressão: revela a conivência com a criminalização de quem exige o mínimo.

O Sindilimpe-ES, que representa milhares de trabalhadores da limpeza urbana e industrial no Espírito Santo, vem há anos denunciando práticas abusivas, contratos precarizados e descaso por parte de empresas terceirizadas. A greve atual é reflexo de décadas de invisibilidade institucional e de uma elite política que só se lembra desses trabalhadores quando o lixo acumula ou a limpeza falta.

Segundo o sindicato, o movimento grevista segue forte nas unidades industriais, com trabalhadores de base se mantendo firmes mesmo diante de pressões e ameaças de corte de ponto e demissões.

A quem serve o Estado?

O episódio de hoje escancara uma triste realidade: quando os ricos travam negociações com o Estado, há reuniões, cafés e protocolos. Quando os pobres vão às ruas pedir dignidade, são recebidos com spray de pimenta.

Não se trata apenas de uma pauta trabalhista, mas de um problema estrutural: a vida de quem limpa, cuida e sustenta a engrenagem da cidade vale menos? Por que o Estado é tão eficiente em reprimir e tão omisso em negociar?

Enquanto o poder público e as empresas se recusarem a ouvir, os protestos continuarão — e, ao que tudo indica, a repressão também.

 

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