ACONTECENDO NO ESPÍRITO SANTO

terça-feira, 22 de julho de 2025

ACONTECENDO NO ESPÍRITO SANTO

terça-feira, 22 de julho de 2025

Mês de férias são os piores para a causa animal.

Inúmeros casos de abandono.

Julho, tradicionalmente conhecido como mês de férias escolares e festas juninas, também se tornou símbolo de um problema crescente no Espírito Santo: o abandono de animais. Segundo informações do CRMV-ES, da Secretaria de Segurança Pública (Sesp-ES), da Polícia Civil do Espírito Santo, da Universidade de São Paulo (USP) e de reportagens do site Olhar Animal, H2FOZ e Notícias Ambientales, esse é um dos períodos com maior índice de abandono de cães e gatos um quadro que se repete também em dezembro, janeiro e fevereiro, nos recessos de fim de ano.

Casos locais que confirmam a gravidade, em 14 de julho de 2025, quatro cães foram resgatados em uma residência de Vitória em condições extremas de maus-tratos. Três filhotes foram encontrados mortos, com indícios de canibalismo. A operação foi realizada pela Polícia Civil, com apoio do setor de Bem-Estar Animal da Prefeitura de Vitória (Fonte: Olhar Animal).

O Abrigo Gratto, em Vila Velha, acolhe atualmente quase 200 cães abandonados e enfrenta risco de despejo, superlotação, escassez de ração e dívidas veterinárias (Fonte: Olhar Animal).

Em dezembro de 2024, um homem foi flagrado abandonando oito animais no bairro Mata da Praia, em Vitória  caso que impulsionou ações de conscientização da sociedade civil e de órgãos públicos (Fonte: Capixaba Repórter e CRMV-ES).

A Sesp-ES registrou aumento nos casos de abandono em propriedade alheia: 81 ocorrências em 2024, contra 75 no ano anterior. Já os registros de maus-tratos ultrapassaram 370 casos no mesmo ano (Fonte: CRMV-ES). • O canal Disque-Denúncia 181 recebeu 1.455 denúncias de maus-tratos a animais em 2025. Os municípios da Grande Vitória lideram os registros: Serra 478, Vila Velha 379, Cariacica 312 e Vitória 185

Fonte: Polícia Civil do ES.

Por que julho e o verão são tão críticos? Segundo pesquisa da USP, os principais motivos para abandono relatados por tutores incluem: Mudança de residência 44%, dificuldades financeiras  30%  e doença ou morte do tutor  11%. Além disso, como mostra reportagem do site Notícias Ambientales, o padrão se repete em outros países da América Latina, como a Argentina, onde o abandono aumenta no verão devido à ausência de castração, à desinformação e à negligência. No Brasil, essa realidade se agrava com a falta de planejamento dos tutores durante férias e festas, o que transforma o animal em “problema” levando, muitas vezes, ao abandono.

O impacto direto do abandono Os efeitos do abandono são devastadores: fome, doenças, atropelamentos, agressões e sofrimento emocional. Muitos não sobrevivem. Para os que sobrevivem, restam os abrigos superlotados e protetores que, mesmo sem recursos, tentam dar uma segunda chance. Esse problema também afeta a saúde pública, com o aumento de animais errantes e riscos de zoonoses, como a leishmaniose e a raiva.

O que você pode fazer? Abandonar animais é crime previsto pela Lei Federal 9.605/98 (Art. 32), com pena de 2 a 5 anos de reclusão, multa e proibição da guarda. Se houver morte do animal, a pena pode aumentar em até 1/3. Antes de adotar, pense:  Você poderá cuidar dele nos momentos difíceis, como férias ou mudanças?  Está disposto a investir em castração, alimentação e cuidados veterinários?  Adotar é um compromisso com a vida de um ser que sente, sofre e ama incondicionalmente.  É hora de encarar o abandono como uma questão de segurança pública Precisamos romper com o ciclo do abandono, e isso exige muito mais do que campanhas pontuais. É urgente que os governos invistam em políticas públicas permanentes de proteção animal, ampliem o acesso à castração gratuita, criem mecanismos de educação em guarda responsável e, principalmente, fortaleçam a aplicação da lei contra maus-tratos. No Espírito Santo, cresce a necessidade de uma delegacia especializada em crimes ambientais e contra animais, com equipe policial própria, capacitada e em número suficiente para investigar e punir casos com agilidade e seriedade. Hoje, muitas denúncias se perdem por falta de estrutura, e os responsáveis seguem impunes.

Abandono não é acidente. É crime e combater esse crime é responsabilidade de todos nós.

Fontes utilizadas:  CRMV-ES: Campanha Dezembro Verde e estatísticas de abandono

Sesp-ES: Dados oficiais de ocorrências

Polícia Civil do ES: Disque 181 e ações de resgate

USP: Pesquisa sobre causas do abandono

Olhar Animal: Reportagens sobre abrigos e resgates no ES

Capixaba Repórter: Casos de abandono em Vitória

Notícias Ambientales (Argentina): Abandono no verão e falta de castração

H2FOZ: Impactos do abandono e da superlotação em abrigos

Sabrina Leonel
Sabrina Leonel
Gestora pública e Defensora dos animais. Ex-vereadora em Vila Velha. Colunista sobre bem estar animal e políticas públicas de Bem estar animal. Vamos aprender a usar a legislação em ação prática salvando vidas.

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