Recentemente, a Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES) anunciou o lançamento do “Painel Pericial de Sinistros de Trânsito”, que apresenta dados sobre vítimas fatais de trânsito sob a influência de álcool e drogas. Este estudo pioneiro no Brasil contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes) e analisou laudos do Laboratório de Toxicologia Forense (LabTox), emitidos entre 2013 e 2023, tendo como fonte vítimas que chegaram ao Instituto Médico Legal (IML) de Vitória.
Esse levantamento fez parte do Edital Fapes/Seg-Sesd nº 06/2023 – Diagnóstico Situacional Sobre Uso de Drogas no Espírito Santo, em colaboração com a Secretaria do Governo (SEG), através da Subsecretaria de Políticas sobre Drogas (Sesd). Com investimento de R$ 165 mil, originados do Fundo Estadual de Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Funcitec), o estudo se desenvolveu.
Professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) – Campus Serra, como Daniel Cruz Cavalieri e Hilário Tomaz Alves de Oliveira, participaram do projeto criando um robô com inteligência artificial para extrair informações dos laudos-cadáveres. A professora Maria Cristina Dadalto, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), também colaborou na análise de dados socioeconômicos. Além disso, quatro alunos de iniciação científica do Ifes estiveram envolvidos.
Importância do Financiamento
Segundo Mariana Dadalto Peres, coordenadora do projeto e chefe do LabTox, o financiamento da Fapes foi crucial para a compra de equipamentos adequados e para conceder bolsas aos alunos de iniciação científica. O edital possibilitou a estruturação e análise dos dados já disponíveis na Polícia Científica, em colaboração com o Ifes e Ufes.
Para Rodrigo Varejão, diretor-geral da Fapes, a iniciativa de financiar projetos sobre o uso de drogas no Espírito Santo proporciona ao governo estadual insights que auxiliam na formulação de estratégias mais eficazes através dos resultados dos estudos.
Detalhes dos Dados
Durante o período analisado, as ocorrências de trânsito foram a terceira principal causa de morte, totalizando 3.559 vítimas, das quais 2.622 foram submetidas a testes de substâncias no LabTox. Os resultados indicaram que 42,2% das vítimas testaram positivo para substâncias psicoativas, sendo o álcool detectado em 32,3% dos casos positivos, seguido por cocaína (11,1%), canabinoides (8,4%) e anfetaminas (0,6%).
O perfil das vítimas foi majoritariamente de homens pardos, com idade predominante entre 18 e 24 anos. Entre 25 e 44 anos, mais da metade desses casos apresentou positividade para drogas. A faixa etária de 30 a 34 anos registrou o maior número de casos positivos para cocaína, enquanto jovens de 18 a 24 anos apresentaram maior porcentagem de positividade para canabinoides.
Mariana Dadalto Peres destaca que a identificação dos perfis demográficos e das substâncias envolvidas pode orientar mais precisamente a elaboração de políticas públicas de segurança viária.
Serviço Relacionado:
Para mais informações, acesse o Painel Pericial de Sinistros de Trânsito.