As tarifas de 50% impostas pelo presidente dos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras representam uma ameaça significativa à economia da Serra, mais do que em qualquer outra cidade do Espírito Santo. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, através da Secretaria de Comércio Exterior, evidenciam essa situação.
A Serra, segundo município capixaba em exportações, logo atrás de Vitória, destaca-se por sua alta dependência do mercado norte-americano. Essa singularidade a torna especialmente suscetível às novas tarifas que entram em vigor a partir de agosto, encarecendo os produtos brasileiros e reduzindo sua competitividade.
Entre janeiro e junho de 2025, a Serra exportou um total de US$ 849,17 milhões, representando 16,8% das exportações do Espírito Santo. No contexto nacional, a cidade ocupa a 38ª posição entre os maiores exportadores do Brasil, com uma participação de 0,5% no total exportado pelo país.
Dependência Americana nas Exportações da Serra
Os Estados Unidos se destacam como o principal destino das exportações da Serra, absorvendo 74,6% do total exportado pela cidade no primeiro semestre de 2025, um valor que totaliza US$ 633 milhões.
A economia local apresenta forte dependência do mercado americano, principalmente nos setores de aço e rochas ornamentais. Essa concentração econômica torna a cidade mais vulnerável às recentes decisões comerciais dos Estados Unidos. Com as novas tarifas em vigor, espera-se que essa dependência resulte em impactos significativos na segunda metade do ano.
O aço lidera as exportações da Serra. Analisando diferentes classificações do Sistema Harmonizado, o produto 7207, relacionado a semimanufaturados de ferro ou aço não ligado, gerou US$ 535 milhões, representando 63% das exportações da cidade. Contudo, observou-se uma queda de 31,2% em comparação com o mesmo período de 2024, refletindo a instabilidade nas relações comerciais com os Estados Unidos desde o segundo mandato de Donald Trump.
Impacto nas Exportações de Rochas Ornamentais
Apesar de um crescimento em 2025, as exportações de rochas ornamentais também enfrentam ameaças com as novas tarifas. O produto 6802, compreendendo pedras de cantaria ou de construção trabalhada, movimentou US$ 162 milhões, com um aumento de 25% e representando 19% das exportações da cidade. Além disso, o quartzo registrou US$ 15,5 milhões, com um aumento de 23,1%.
Esses dados refletem a dependência da Serra em setores cruciais, como siderurgia e rochas ornamentais, e sua dependência do mercado americano. A nova tarifa de 50% imposta por Trump pode intensificar esse cenário, afetando o emprego, os investimentos e o desempenho econômico do município.
Comparativo com Vitória: Impactos das Tarifas de Trump
Embora Vitória tenha exportado mais em termos absolutos do que a Serra, o impacto das tarifas de 50% dos Estados Unidos será mais profundo na economia da Serra.
Vitória registrou exportações de US$ 975,73 milhões no mesmo período, uma leve vantagem em relação aos US$ 849,17 milhões da Serra. No entanto, a estrutura das exportações e o grau de dependência do mercado americano colocam a Serra em uma posição mais delicada.
Enquanto apenas 13,1% das exportações de Vitória tiveram os Estados Unidos como destino, na Serra, essa porcentagem chega a 74,6%. Ou seja, três em cada quatro dólares exportados pela Serra vão para o mercado americano, o mais impactado pela nova regra tarifária.
Além disso, os produtos principais exportados por Vitória, como minérios de ferro, óleos brutos de petróleo, café e soja, têm destinos mais diversificados, como Europa e Ásia, o que reduz sua exposição direta à política tarifária anunciada por Trump.