O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se em Brasília com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi no Palácio da Alvorada. A visita de Estado ocorreu após a cúpula do Brics realizada no Rio de Janeiro, destacando a importância das relações entre Brasil e Índia, países com significativa influência global.
Em declaração conjunta, Lula enfatizou a relevância de Brasil e Índia na governança global, solicitando assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU, com a justificativa de que é insustentável que o órgão permaneça enfraquecido ou ignorado, além de criticar a postura dos membros permanentes que promovem conflitos.
Parceria Estratégica
Modi destacou a importância da parceria entre os dois países como símbolo de estabilidade global. Enfatizou a necessidade de resolver disputas internacionais através do diálogo e democracia, com uma postura comum contra o terrorismo.
Lula mencionou que o fortalecimento das iniciativas conjuntas em setores estratégicos é vital para a relação bilateral. Ressaltou que Brasil e Índia, como grandes democracias e economias robustas, têm muito a compartilhar e desenvolver mutuamente.
Comércio e Economia
Lula defendeu a ampliação do Acordo Mercosul-Índia, visando reduzir barreiras comerciais e explorar o potencial de intercâmbio entre as economias. Atualmente, apenas uma pequena porcentagem das exportações brasileiras para a Índia está coberta pelo acordo, e há muito espaço para expansão, incluindo nos setores de turismo e negócios.
A Índia é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, com o comércio bilateral alcançando US$ 12 bilhões em 2024. As exportações do Brasil, principalmente açúcar, petróleo, óleos e aviões, somaram US$ 5,26 bilhões, enquanto as importações da Índia totalizaram US$ 6,8 bilhões.
Modi expressou otimismo quanto ao potencial de aumentar o fluxo comercial significativamente, com metas estabelecidas para elevar o volume de cooperação econômica para US$ 20 bilhões nos próximos cinco anos e expandir o acordo comercial entre a Índia e o Mercosul.
Acordos de Cooperação
Brasil e Índia firmaram acordos de cooperação contra terrorismo e crime organizado, além de entendimentos em energia renovável e transformação digital. Lula destacou o empenho dos dois países na liderança da transição energética e na preparação para a COP 30 e COP 33.
Lula reconheceu o crescimento do mercado de bioenergia na Índia, que planeja aumentar a mistura de etanol na gasolina e biodiesel no diesel, ilustrando o compromisso comum com as metas ambientais globais.
Posicionamento Global
Por fim, Lula criticou a posição do então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, frente às negociações do Brics e suas ameaças tarifárias. Reafirmou a não aceitação de pressões externas sobre a cooperação entre os países do bloco econômico.